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Pesquisadores estudam vacina capaz de combater todos os tipos de vírus da gripe
14/08/2012
Pesquisadores dos Estados Unidos, da Holanda e de Hong Kong podem ter achado um caminho para o desenvolvimento de uma vacina universal contra gripe. O produto poderia não somente imunizar contra todos os tipos de vírus que causam a doença como acabar com a necessidade, ao menos na teoria, de as pessoas terem de tomar uma nova vacina todos os anos. O estudo desenvolvido por esses especialistas foi relatado em um artigo publicado nesta sexta-feira na revista Science.
O grupo descreveu três anticorpos humanos que protegeram camundongos contra diferentes linhagens de influenza tipo B — um grupo de vírus bem menos letal que o tipo A (o da gripe suína) e, por isso mesmo, menos estudado. Mas ele também merece atenção porque, de tempos em tempos, pode ser responsável por mais casos que o tipo A e ser mais grave em crianças. Anteriormente, essa mesma equipe de cientistas já havia encontrado anticorpos que neutralizaram as cepas de influenza A. A expectativa é que essas descobertas, combinadas, possam providenciar informações-chave para o desenho da vacina universal.
Os imunizantes que existem atualmente são trivalentes, ou seja, visam a três variedades de vírus - as duas do tipo A e uma do tipo B. Elas são elaboradas de acordo com as variedades mais frequentes que estão em circulação naquele ano.
Barreiras — Além de existirem em diversas variedades, os vírus da gripe têm a enorme capacidade de sofrer mutação rapidamente. Daí a necessidade permanente de combatê-los, de acordo com as cepas mais frequentes de cada estação, o que não só significa altos custos como demanda mobilização da população. Fora esses dilemas, outra dificuldade que esse tipo de vacina já vem enfrentando é que, de uns anos para cá, as duas linhagens do tipo B têm circulado ao mesmo tempo — antes era só uma de cada vez —, e uma não reage à vacina para a outra, o que aumenta a ocorrência de doentes.
A descoberta dos novos anticorpos já pode ajudar nesse sentido — em testes em camundongos, foi possível protegê-los contra as duas linhagens. Mas a ideia é ir além. "Para a vacina ser realmente universal, ela precisa proteger contra todos os vírus do tipo A e do tipo B. E com este estudo nós agora temos anticorpos amplamente neutralizantes contra ambos", disse Ian Wilson, do Instituto de Pesquisa Scripps, da Califórnia, em comunicado à imprensa. Ele ainda afirmou que um dos anticorpos encontrados é particularmente interessante por ser o primeiro caso conhecido aparentemente capaz de oferecer proteção contra todos os vírus.
Para uma vacina universal funcionar, é necessário encontrar nas muitas variedades de vírus algo em seus genomas que seja comum entre todas elas e, mais importante que isso, que não sofra mutações com o passar do tempo. "É essa parte viral, comum e estável, que seria capaz de promover uma resposta do anticorpo a ponto de os vírus serem neutralizados e a pessoa ficar protegida contra a infecção", explica o pesquisador Alexander Precioso, do Instituto Butantan, que trabalha com a produção nacional de vacina contra a gripe. Para ele, o novo estudo provoca uma boa expectativa, mas ainda está muito no início. "De todo modo, os resultados são animadores, desse campo devem sair dados importantes nos próximos anos", diz.
Fonte: www.veja.abril.com.br
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