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Parto normal: como é, vantagens e cuidados ao realizar
25/04/2016
Veja os benefícios do parto normal para a sua saúde, os cuidados ao realizá-lo e muito mais
Chamamos de parto normal o tradicional parto vaginal como é feito habitualmente nas maternidades.
Neste tipo de parto, ao contrário do parto humanizado, podem ser utilizados todos os procedimentos protocolados como de rotina, mas que na realidade são em sua maioria desnecessários ou mesmo prejudiciais, conforme avaliação da Organização Mundial de Saúde.
Entre esses, podemos citar a tricotomia, uso de sonda para esvaziar a bexiga, jejum de pelo menos 6 horas, lavagem intestinal antes do parto, utilização mais liberal de medicamentos (analgésicos, anestésicos, sedativos, ocitócicos para estimular as contrações uterinas), toques vaginais frequentes, rotura artificial antecipada da bolsa, episiotomia (corte no períneo). A parturiente em geral permanece deitada, sem liberdade para caminhar ou adotar posições que lhe pareçam mais confortáveis para o parto.
O ambiente é mais compatível com aquele montado para um ato cirúrgico (excesso de iluminação, ausência de acompanhante e falta de privacidade) e com isso, inadequado com o "clima" harmonioso para tão significativo momento.
Portanto, o chamado "parto normal" já não é tão "normal" assim, já que é conduzido sob interferências, muitas das quais desnecessárias ou mesmo prejudiciais, conforme avaliação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
• Sinais do trabalho de parto
Embora em sua essência, a dinâmica do trabalho de parto tenha características semelhantes, observamos variáveis individuais significativas entre as parturientes.
O trabalho de parto é um processo progressivo, dependente das contrações uterinas que vão promover a dilatação do colo uterino e a descida do feto pelo canal do parto.
No início, as contrações são menos frequentes, irregulares, menos intensas e de menor duração, acompanhadas de leves dores ou desconforto lombar. O colo do útero vai sendo dilatado ainda lentamente: é a chamada fase latente que tem duração de 12- 20 horas nas primigestas.
Cada contração traciona as fibras musculares do colo, promovendo progressivamente sua dilatação até 10 centímetros e pressionando para baixo a bolsa das águas e o bebê. A dilatação do colo é diagnosticada e monitorada pelo "toque vaginal".
A fase ativa e a fase expulsiva se caracterizam pela maior intensidade, frequência e duração das contrações. No período expulsivo as contrações se repetem a cada 1-2 minutos, com duração média de 1 minuto, promovendo a saída do bebê pelo canal vaginal.
• Duração do parto normal
Nas mulheres que já deram à luz anteriormente (multíparas), toda a dinâmica ocorre entre 8 - 9 horas, ao invés de uma média de 12 a 14 horas observada naquelas que nunca pariram (nulíparas). Nas nulíparas o período expulsivo dura em torno de 1 hora e nas multíparas cerca de 30 minutos.
Período expulsivo que dure mais de 1 hora é chamado de prolongado, oferece riscos ao bebê e pode levar a estafa materna, daí a necessidade do rigoroso acompanhamento dos sintomas e sinais clínicos pela equipe médica.
• Fases do trabalho de parto
Podemos dividir o trabalho de parto (TP) verdadeiro em 3 fases: Dilatação, Expulsão e Dequitação:
Dilatação: conforme a velocidade da dilatação do colo, esta primeira fase é subdividida em Fase Latente e Fase Ativa.
- Fase Latente: o colo vai sendo dilatado mais lentamente. É a fase inicial do trabalho de parto. Nesta etapa as contrações são irregulares e de menor intensidade. É comum a gestante referir apenas "que a barriga fica dura, mas que não está sentindo dor". No início, a descida do bebê ainda é lenta, a dilatação do colo é inferior a 1 centímetro/hora e este vai ficando cada vez mais embebido e amolecido
- Fase Ativa: a partir dos 4 centímetros de dilatação, quando ocorre em média, uma contração a cada 10 minutos, com duração entre 40 a 60 segundos e que promovem a dilatação progressiva do colo uterino em torno de 1-2 centímetros/hora. Habitualmente, entre contrações e pausas cada vez mais curtas, a fase ativa evolui entre 6 e 12 horas, quando o colo alcança 10 cm de dilatação (dilatação completa) tempo variável caso trate-se de nulípara ou multípara.
Expulsão: O colo tem a dilatação completa e as contrações culminam com a expulsão do bebê do meio uterino, o nascimento do bebê. Esta fase não deve ultrapassar os 30 a 60 minutos.
Dequitação: é o processo de descolamento e expulsão da placenta. Essa fase deve ocorrer entre 5 a 30 minutos após o nascimento.
• Dor do parto normal
A sensibilidade dolorosa no processo da parturição é uma realidade, porém muito variável em intensidade de mulher para mulher. A natureza é sábia, já que acentua progressivamente a produção e liberação de endorfinas (substâncias com alto poder analgésico e sedativo), atenuando em muito o rigor das queixas dolorosas.
Compete à equipe médica orientar e conduzir a gestante durante o pré-natal para um preparo físico-postural e emocional, condicionando-a para um comportamento equilibrado durante todo processo.
Ademais devemos lançar mão de recursos mais "naturais" tais como: manter a parturiente em posição mais confortável (acocorada, alternando com caminhadas) massagem lombo-sacral, banhos de imersão ou chuveiro aquecidos, uso de bola de Pilates, além da presença reasseguradora e ativa dos membros da equipe obstétrica. De conformidade com cada fase do trabalho de parto, se necessário, podemos fazer o uso adequado de drogas analgésicas e ou anestésicas, reservando a anestesia raque ou peridural para o final do período de dilatação e no expulsivo, para que a mulher possa dar à luz com maior tolerância e conforto.
A anestesia local é muito empregada para o parto normal, no momento da episiotomia, sempre que esta se faça necessária.
Benefícios do parto normal para a mãe
- Vivencia com mais intensidade a experiência de ter um filho, uma vez que participa ativamente de todas as etapas no processo da parturição, o que lhe proporciona elevação da autoestima na vivência do seu novo papel de MÃE
- Perda de sangue reduzida quando comparada com o que ocorre na cesareana
- Evita os desconfortos e riscos inerentes ao ato cirúrgico que é a cesariana, tais como hemorragias, infecção puerperal, lesões de órgãos adjacentes (bexiga, intestino, etc.) e dores pós operatórias
- Devido a possibilidade de movimentar-se durante o trabalho de parto, previne-se a trombose
- Uso mais reduzido de medicamentos no decorrer do trabalho de parto e pós-parto
- A produção, descida do leite e aleitamento são mais precoces e mais fáceis. Esse fenômeno leva à prevenção de sangramentos no pós-parto e a retomada do útero ao seu tamanho normal
- Cicatriz apenas nos casos de episiotomia
- Risco de morte estatisticamente bem menor
- Menor incidência de complicação nas futuras gestações e partos
- Recuperação mais rápida (fisiológica)
- Facilitação do bonding (vínculo afetivo mãe-bebê).
• Benefícios do parto normal para o bebê
- Reduz substancialmente a possibilidade de prematuridade que o uso indiscriminado das cesarianas podem causar
- Maior oportunidade de acolhimento ao seio materno e aleitamento logo após o nascimento
- Cria condições imediatas para estabelecimento do vínculo afetivo mãe e filho com inegáveis benefícios para o psiquismo do bebê
- O parto normal, sobretudo quando na posição de cócoras, é facilitador para a eliminação dos líquidos contido no aparelho respiratório do bebê. A compressão e descompressão do tórax do bebê durante a sua expulsão via vaginal, induz à primeira inspiração do recém-nascido
- O trabalho de parto é uma condição estressante para o bebê, porém estimula a suprarrenal fetal, promovendo o aumento do cortisol que acelera a produção e liberação de substâncias químicas (surfactantes), beneficiando a rápida maturação pulmonar do bebê.
• Riscos do parto normal e prevenção
Embora saibamos que o parto normal é o que oferece maiores benefícios para a mamãe e seu bebê, certas condições não recomendam esta via para o parto e indicam adotar o parto cirúrgico (cesariana).
O parto normal deve ser contraindicado quando os riscos e/ou as desvantagens de uma via vaginal forem superiores ao de uma cesariana. Os riscos para o parto normal podem ter origem por fatores maternos, fetais e obstétricos.
Entre os fatores maternos podemos mencionar a hipertensão, diabetes descompensado, cardiopatias, herpes genital e HPV ativos ou não, câncer de colo uterino, certos estados infecciosos agudos, falta de condições psíquicas da gestante para enfrentamento da experiência do parto.
Entre os fatores fetais encontramos: as doenças cardíacas fetais, fetos muito grandes (desproporção materno-fetal) e surgimento de sinais compatíveis com sofrimento fetal.
Entre os fatores obstétricos temos certas condições como gestações múltiplas, iminência de rotura uterina, descolamento de placenta, má posição da placenta (placenta prévia-quando obstrui o canal de parto), placenta acreta, alterações no volume do líquido amniótico (para menos, oligoâmnio; para mais, polidrâmnio), alguns casos de incompatibilidade do fator sanguíneo Rhesus (Rh) , feto em posição inadequada (apresentação de ombro, de face, pélvico, por ex.), prolapso de cordão, suspeita de circular de cordão umbilical, detectadas através de monitorização eletrônica dos batimentos cardio-fetais durante o trabalho de parto, defeitos ósseos da pelve materna- congênitos, tumorais ou traumáticos- , entre outras causas.
• Cuidados ao realizar o parto normal
Criterioso acompanhamento de todas as etapas, com preservação da autonomia que sempre deverá ser oferecida à mulher no parto.
A assistência hospitalar deverá oferecer segurança para a mãe e bebê, através de práticas consagradas que visam um nascimento saudável e previnam, impeçam ou minimizem as complicações e os riscos maternos.
É fundamental que para que se garantam esses benefícios, o processo de preparo para um parto normal seja iniciado desde o pré-natal.
É importante que a equipe médica veja tanto a gestação e o parto normal como um evento fisiológico inerente aos mamíferos e só adote medidas intervencionistas quando realmente for indispensável para o bom andamento deste processo natural.
Fonte Minha Vida
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