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Avanço foi feito na China a partir de moldes biodegradáveis em 3D
31/01/2018
Cientistas chineses conseguiram criar em laboratório orelhas para cinco crianças a partir das suas próprias células, um feito há muito perseguido pela medicina regenerativa. Trata-se de um procedimento experimental que foi aplicado em crianças com orelhas com malformações, mais precisamente uma condição chamada microtia, em que as orelhas ficam subdesenvolvidas. Até agora, a única forma de corrigir o problema era através do recurso a orelhas sintéticas, que poderiam ser rejeitadas pelo organismo, ou a orelhas feitas de cartilagem das costelas por um cirurgião plástico, uma solução que ficava pouco natural.
O vários passos do processo foram publicados na revista EBioMedicine. Os investigadores criaram uma réplica em 3D de cada uma das orelhas, e esta réplica foi depois usada para criar um molde, que foi foi preenchido com células retiradas da cartilagem das orelhas subdesenvolvidas de cada uma das crianças. Ao longo de 12 semanas, as células cresceram na forma do molde, que era biodegradável e se foi desintegrando. O molde foi depois enxertado nos menores.
A primeira cirurgia foi feita há cerca de dois anos numa criança de seis anos e a última realizou-se há dois meses. Até ao momento, as orelhas mantiveram-se no lugar, sem sinais de rejeição. A cartilagem continuou a crescer, substituindo o molde, o que irá resultar num aspeto cada vez mais natural com o passar do tempo. As crianças que receberam novas orelhas têm entre seis e dez anos.
À revista New Scientist, Tessa Hadlock, cirurgiã plástica do Massachusetts Eye and Ear Infirmary em Boston, disse que os resultados são promissores e mostram que "é possível aproximarmo-nos de restaurar a estrutura da orelha", algo que médicos e cientistas tentam fazer há décadas.
Bruno Peault, especialista em medicina regenerativa da Universidade de Edimburgo, na Escócia, disse à revista que os cientistas a desenvolver investigação na China têm uma vantagem: "no geral, as coisas progridem mais rapidamente em países como a China, porque as exigências aos ensaios clínicos são menores do que nos Estados Unidos ou na Europa".
A equipa de Peault está a aguardar autorização para começar testes clínicos do seu próprio método de desenvolvimento de reconstrução auricular, que passa igualmente por usar moldes em 3D mas recorre a células estaminais retiradas do tecido adiposo e que são orientadas para se transformarem em células das orelhas.
Fonte: DN
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