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Laxante não ajuda a emagrecer e mau uso agrava a prisão de ventre


15/04/2014



Descubra quando o medicamento é indicado e quais os riscos

As idas ao banheiro começam a ficar mais raras e você logo desconfia: será que estou com prisão de ventre? Conhecida também como constipação, a falta de evacuações causa complicações à saúde, como inchaço e dores intestinais. Prisão de ventre e inchaço na barriga pode ser sinônimo de laxantes para algumas pessoas, mas nem sempre essa afirmativa é verdadeira. Pensando nisso, conversamos com especialistas no assunto, que esclareceram as dúvidas sobre os laxantes e quando ele realmente deve ser utilizado:


Prisão de ventre nem sempre pede laxante

De acordo com o nutrólogo Roberto Navarro, da Associação Brasileira de Nutrologia, a prisão de ventre acontece quando as fezes estão ressecadas, exigindo um esforço muito grande na hora de evacuar, comumente associado a uma sensação de cólica e desconforto. "Você pode ir ao banheiro a cada dois ou três dias, por exemplo, e ter uma evacuação confortável - nesse caso não é prisão de ventre, apenas o seu corpo que funciona dessa forma", diz. Dessa forma, a frequência de evacuações nem sempre determina se a pessoa está constipada.

E mesmo que você seja diagnosticado com prisão de ventre, o tratamento nem sempre é feito com o uso de laxantes. "A maioria das pessoas com problemas de constipação tem como causa o erro alimentar, sendo assim a reeducação é o mais indicado para este tipo de paciente, com o aumento no consumo de alimentos ricos em fibras e probióticos", explica a nutricionista Marcela Izabel de Oliveira, da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

A indicação do uso de laxantes é feita para episódios isolados, quando o paciente está há cerca de sete dias constipado, precisa fazer muito esforço para evacuar e as fezes estão ressecadas. E mesmo nesses casos é necessária prescrição médica. "Muitas vezes, o quadro clínico pode ser mais grave do que o previsto e o uso de laxantes por conta própria pode mascarar esses problemas", explica o nutrólogo. Em alguns casos, o paciente precisará fazer outros procedimentos, como uma lavagem intestinal. Há também casos em que o paciente está com uma constipação intensa, e o médico irá receitar o laxante como medida paliativa para aliviar o intestino do constipado. "O medicamento é recomendado quando a prisão de ventre já está instalada, mas não faz parte do tratamento para educar o intestino", completa a nutricionista.


• Sintéticos x naturais

Os laxantes sintéticos são divididos em duas categorias: osmóticos e apáticos. Os primeiros atuam puxando a água presente nas paredes do intestino para o meio do órgão, diluindo a massa fecal e eliminando-a. Já os laxantes apáticos agem causando uma irritação na parede do intestino, forçando a evacuação. É como se o intestino identificasse um corpo estranho e precisasse expeli-lo do corpo, o fazendo por meio das fezes. "O uso excessivo pode causar uma inflamação intestinal, além de serem necessárias cada vez doses maiores para que o laxante funcione", afirma Roberto Navarro. "O laxante em excesso pode levar à diminuição de absorção de vitaminas, distúrbios hidroeletrolíticos e diminuição da absorção de água pelo corpo", explica a gastroenterologista Cátia Rejania Ribeiro de Melo, do Núcleo de Gastroenterologia do Hospital Samaritano.

Já os laxantes naturais agem regulando o funcionamento intestinal, e no geral são feitos de fibras, como um suplemento alimentar. Entretanto, segundo os especialistas, também deve ser tomados apenas com indicação médica e se as mudanças na alimentação não funcionarem.


• Laxante ajuda mesmo a emagrecer?

Os laxantes podem causar perda de peso por interferirem na absorção de nutrientes como gorduras e sais minerais. "Durante o uso do medicamento, o corpo elimina água e sais minerais juntamente com as fezes líquidas, reduzindo a sensação de inchaço", explica a nutricionista Marcela Izabel de Oliveira, da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Ou seja: além da perda de peso ser passageira, uma vez que os quilos podem voltar cessando o medicamento, os pontos na balança caem à custa de uma deficiência nutricional que pode surgir, já que nosso intestino não está absorvendo os nutrientes como deveria. Além disso, conforme citado anteriormente, o uso em excesso de laxantes também pode causar uma inflamação intestinal, além de serem necessárias cada vez doses maiores para que o laxante funcione.


• Supositórios não são laxantes

Apesar de atuarem eliminando as fezes, os supositórios - medicamentos ministrados por via anal - não são considerados laxantes. "Eles apenas facilitam a eliminação de fezes localizadas no canal anal, diferente dos laxantes que agem em todo o intestino", diz a nutricionista Marcela. Segundo a especialista, a principal indicação dos supositórios é para bebês com imaturidade do funcionamento intestinal. Quando os bebês estão com prisão de ventre, o médico pode receitar um supositório de glicerina, que provoca a irritação das mucosas. Em adultos, o medicamento por via anal pode ser indicado para casos específicos, como pessoas que não conseguem ministrar medicamentos oralmente.


• Alerta para pacientes com doenças intestinais

De acordo com a gastroenterologista Cátia, pessoas com doenças inflamatórias intestinais, como Chron e colite, não tem como indicação o uso de laxantes. "As doenças intestinais causam má absorção intestinal de nutrientes, assim como os laxantes, o que aumenta o risco de desnutrição", completa a nutricionista Marcela. Nesses casos, os laxantes são indicados apenas para a realização da colonoscopia, exame de rotina para esse tipo de paciente.


• Grávida pode tomar laxante?

A gestante passa por diversas alterações hormonais durante os nove meses que antecedem o parto, e isso pode interferir no funcionamento do intestino, provocando a prisão de ventre. No último trimestre da gravidez, a pressão do bebê sobre o intestino e outros órgãos também podem atrapalhar a digestão. Entretanto, apenas essas alterações não são indicativas para o uso de laxantes no período, uma vez que o medicamento pode reduzir a absorção de nutrientes, tão importantes para gestante e feto. "Por isso, é importante que a futura mamãe adote hábitos alimentares saudáveis e pratique exercícios leves com frequência para manter o intestino em dia desde os primeiros meses de gestação", afirma a nutricionista Marcela. Caso a mudança de hábitos apenas não funcione e a constipação da mãe ganhe gravidade, o médico pode orientar o uso de laxantes.


• Interação com medicamentos

"Se houver uso associado a diuréticos, os laxantes podem causar distúrbios eletrolíticos, por exemplo", afirma a nutricionista Marcela. Os laxantes também podem interagir com medicamentos cuja absorção é feita ou completada no intestino, como sulfato ferroso. "Por isso, diga ao médico todos os medicamentos que você utiliza durante a consulta, para que ele possa procurar alternativas ao laxante que não interfiram nos outros remédios."


• Excesso traz riscos

O uso excessivo de laxantes pode causar um desequilíbrio na concentração de alguns minerais, como sódio e potássio. "Isso pode levar à desnutrição, desidratação e distúrbio hidroeletrolítico", afirma a nutricionista Marcela. Além disso, os laxantes apáticos podem gerar uma lesão nos nervos que comandam o intestino, criando uma dependência ao uso do remédio. Quanto mais a pessoa usar esse medicamento, mais o intestino pode ficar tolerante e precisar de ainda mais laxante para funcionar.


Fonte:Minha Vinha



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