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Dor no peito: é sempre um sinal de alerta?


17/09/2014



O tórax, cuja parte da frente se chama peito, abriga em seu interior inúmeras estruturas que podem doer e algumas outras dores podem ainda provir de suas paredes ósseas e musculares. Por isso, seria mais apropriado falar-se de dor torácica que de dor no peito, porque também as costas ou as laterais do tórax podem doer. No entanto, devido à sua importância, considerar-se-á aqui aquelas dores que se manifestam principalmente na parte frontal do tórax, geralmente chamadas de dores no peito.

Nem toda dor sentida no peito é grave, mas como algumas delas podem significar extrema severidade e mesmo a morte, como as dores oriundas do coração, por exemplo, toda dor no peito que ainda não tenha sido esclarecida em suas causas deve ser motivo de alerta e preocupação. As dores mais simples são representadas, por exemplo, por causas musculares e as mais graves e até mortais pela angina de peito ou pelo infarto do miocárdio. Mais da metade dos pacientes com dores no peito não têm uma causa orgânica definida e estão sofrendo de ansiedade e somente 11% delas são devidas a casos graves. Por outro lado, muitos pacientes retardam em procurar ajuda para as dores no peito por achar que os sintomas não são graves e que a dor irá melhorar espontaneamente. Muitas vezes essa demora faz uma diferença essencial na assistência a um infarto do miocárdio ou a uma embolia pulmonar, por exemplo.


Principais causas não cardíacas de dor no peito

As dores no peito, não cardíacas, apresentam algumas características que as diferenciam das dores cardíacas: são pontuais, bem localizadas, não se irradiam, não têm um fator desencadeante nítido, não mostram concomitância com estresse emocional e são acompanhadas de outros sintomas que não os associados às dores no peito de origem cardíaca. Em geral essas dores pioram quando o local é pressionado, quando o tórax faz algum movimento ou quando se respira profundamente e se aliviam com o uso de analgésicos simples. Algumas vezes elas vão e voltam durante muitos anos, sem dar sinais de evolução progressiva, como acontece com a angina, por exemplo. As crises de ansiedade, no entanto, podem gerar sintomas muito parecidos com o infarto do miocárdio, inclusive com palpitações, suores, falta de ar, tonteiras, etc. A seguir nos reportaremos apenas às dores no peito não cardíacas mais frequentes:

Os gases intestinais podem provocar dores agudas e muito intensas no peito. Essas dores são episódicas, acompanhadas de flatulência e costumam desaparecer por si mesmas. Quase sempre estão associadas a doenças que produzem gases ou com certos alimentos ingeridos. Frequentemente são confundidas com “dor no coração”, sobretudo quando acontecem do lado esquerdo do peito.

O refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago que pode gerar também dor precordial, sob a forma de queimação. Sempre se acompanha de outros sintomas, como azia, náuseas e sensação de regurgitação.

A ansiedade pode causar dores torácicas que têm o aspecto de “apertos” no peito, podendo ser acompanhadas de respiração superficial, tremores, inquietação, "nó na garganta" e uma resposta exagerada aos sobressaltos.

As dores musculares no peito acontecem após exercícios físicos intensos, repetitivos ou não habituais, envolvendo os músculos dessa região. A tosse muito frequente e intensa pode também gerar dores no peito. Essas dores costumam aliviar-se com o uso de miorrelaxantes e analgésicos comuns.

A embolia pulmonar é um bloqueio de uma artéria pulmonar por um trombo oriundo de outro local. A dor é aguda, penetrante e acompanhada de dificuldades respiratórias, tosse repentina, respiração rápida, expectoração com sangue e taquicardia.

As pneumonias são inflamações dos pulmões que podem acometer os brônquios e os alvéolos pulmonares e gerar dores intensas no peito. Normalmente também geram, entre outros sintomas, febre alta, tosse, falta de ar e prostração.

O câncer de pulmão causa uma dor torácica contínua que pode ser localizada em qualquer dos quadrantes do peito e que pode ser sentida também nas costas, acompanhada de tosse, dispneia, hemoptise (expectoração com sangue), dedos em forma de baquete de tambor, etc.

Há dores no peito que, embora não cardíacas, podem ser igualmente graves e mesmos mortais, como a pneumonia, a embolia pulmonar e o aneurisma da aorta, por exemplo.


Principais causas cardíacas de dor no peito

As principais dores no peito e as que mais metem medo são originárias do coração.

A angina de peito ocorre devido ao baixo suprimento de oxigênio ao músculo cardíaco em razão de obstruções ou espasmos das artérias coronarianas. Quase sempre é transitória e só dura alguns minutos, mas é recorrente naquelas condições em que o coração exige um gasto maior de oxigênio como esforços físicos ou excitações emocionais intensas. Ela costuma ceder sem deixar sequelas, mas é resistente aos analgésicos comuns. A dor é referida como pressão, peso, aperto, ardor ou sensação de choque, localizada principalmente no centro do peito, com frequentes irradiações para o braço esquerdo. Geralmente é exacerbada pelo excesso de estresse emocional, pelo esforço físico e por temperaturas frias e se faz acompanhar de suores, falta de ar, palidez, hipotensão e palpitações.

O infarto do miocárdio costuma denunciar-se por uma dor intensa no lado esquerdo ou no centro do peito que se irradia para o braço esquerdo, para o pescoço e para a região da mandíbula, com dificuldade em respirar, enjoo, vômitos e sudorese. Esta dor tem duração maior que dez minutos, pode ter diferentes intensidades ou ainda sumir e voltar espontaneamente. Estes costumam ser os sintomas mais comuns que nos permitem detectar um infarto em andamento, embora alguns infartos possam ocorrer com dores moderadas ou até mesmo sem dor em alguns pacientes.

A pericardite é uma condição na qual o pericárdio (invólucro parecido com uma bolsa, ao redor do coração) fica inflamado. Manifesta-se por uma dor aguda no peito que se irradia para as costas, acompanhada de tosse seca, febre, fadiga, ansiedade e um atrito de fricção ouvido abaixo do esterno (osso localizado no peito). Pode ser erroneamente diagnosticada como infarto do miocárdio ou vice-versa.


Fonte: Abc Med



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