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Como identificar e tratar o refluxo em crianças


28/01/2016


Regurgitação comum e refluxo são diferentes e demandam tratamentos específicos

O refluxo gastroesofágico é um fenômeno extremamente comum nos bebês recém-nascidos e lactentes jovens e manifesta-se principalmente pelas regurgitações, popularmente conhecidas como golfadas. Na grande maioria dos casos, é uma condição benigna que melhora com o tempo e não necessita tratamento medicamentoso, sendo por isso chamada de refluxo fisiológico. Cerca de 80% dos bebês dessa faixa etária golfam pelo menos uma vez por dia devido a vários fatores, como:

• Imaturidade dos mecanismos antirrefluxo do sistema digestivo: o anel muscular que separa o estômago do esôfago ainda é imaturo e permanece mais tempo aberto do que nos adultos
• Alimentação predominantemente líquida: que torna mais fácil o retorno do conteúdo do estômago à boca
• Posição deitada na maior parte do tempo


As regurgitações podem surgir no primeiro mês de vida, com pico entre dois e quatro meses e melhora a partir de seis meses, podendo durar até 18 meses.

Já a doença do refluxo gastroesofágico, ou refluxo patológico, ocorre quando as regurgitações são acompanhadas de complicações como:

• Ganho de peso inadequado
• Irritabilidade excessiva
• Complicações respiratórias como tosse, rouquidão e asma
• Esofagite, que é a inflamação do esôfago causada pelo refluxo da secreção ácida do estômago

Nas crianças maiores os sintomas são mais semelhantes aos do refluxo no adulto, com dor e sensação de queimação principalmente após as refeições, sendo as regurgitações menos frequentes.


- Diagnóstico e exames

O diagnóstico é clinico na maioria dos casos, ou seja, baseado na história relatada pelos pais e no exame físico da criança, sem necessidade de exames complementares. Os exames complementares, quando indicados, buscam não só documentar a existência do refluxo, mas principalmente estabelecer uma relação entre o refluxo e as complicações apresentadas pelo paciente. Entre os mais utilizados estão a pHmetria de 24 horas, que evidencia os episódios de refluxo ácido e pode relacioná-lo a outros sintomas que ocorram no período, e a endoscopia digestiva alta, que permite visualização direta da inflamação no esôfago.


- Tratamento caseiro

Tanto nos casos de refluxo fisiológico quanto nos de doença do refluxo gastroesofágico, as medidas posturais são parte importante do tratamento. Elas consistem em um conjunto de medidas e hábitos que visam contornar a predisposição dos bebês ao refluxo. Dentre elas, podemos citar:

• fragmentar as refeições: dar menos quantidade de alimento, porém mais vezes. É o que já acontece no aleitamento materno em livre demanda, onde o bebê controla a frequência e quantidade de sua alimentação
• permitir que o bebê arrote ao fim das mamadas
• evitar hábitos que proporcionem o aumento da pressão sobre o abdome, como apertar muito as fraldas, roupas com elástico muito apertado e permanecer muito tempo no bebê conforto
• deixar em posição ereta o maior tempo possível, de preferência no colo
• colocar o bebê para dormir na posição deitado de costas com leve inclinação (30 graus) do berço para elevar a cabeça

As fórmulas infantis espessadas, também conhecidas como fórmulas antirregurgitação, podem reduzir o número de regurgitações, porém, não devem ser utilizadas nos casos acompanhados de complicações, principalmente respiratórias.
Medicamentos

O tratamento medicamentoso da doença do refluxo gastroesofágico é feito com drogas inibidoras da secreção ácida do estômago. O pediatra e o gastroenterologista pediátrico são os profissionais habilitados em diferenciar o refluxo fisiológico da doença do refluxo gastroesofágico e indicar o melhor tratamento quando necessário.


Fonte: Minha Vida



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